terça-feira, 31 de agosto de 2010

Li e gostei ( A Aquela que não tem nome)

Acompanho o Fabrício Carpinejar pelo Twitter e hoje li uma resposta no seu Consultório Poético que me emocionou imensamente. Copiei apenas os trechos que mais me tocaram.
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Uma moça pergunta:
Mas ele não pode me entregar o que eu desejava. Aquela palavra com C que todos os homens temem. Mas não era véu ou grinalda que eu queria, não era bolo, não queria uma lista de convidados, uma casa, contas conjuntas. Eu queria cumplicidade [...] eu não tenho um título, não sou namorada, não sou amante, não sou amada, não sei o que sou para ele [...] O amor esquece de acontecer para mim. Como faz para que ele aconteça? Essa é a minha pergunta real.

O Carpinejar responde:

Confessa que não tem título nenhum: “não sou namorada, não sou amante e não sou amada, não sei o que sou para ele”. Mas age como namorada, amante e amada, obedecendo a uma representação bem definida. Ele foi avisado do compromisso e de sua necessidade? Ou está esperando que ele transcreva seu pensamento e siga o script? De repente, o sujeito não alcança a gravidade de sua percepção. Nem deve entender o que anseia. [...] Está ferida pelo amor público, por aquilo que ele não demonstrou aos outros – não tanto pela saudade da história que construíram. Não descobriu apenas que é um homem comum, o baque é que se viu tão comum quanto ele. Não a valorizou e glorificou como gostaria, como sonhou desde a infância. Sua cicatriz vem de um romantismo descumprido, de uma idealização arruinada. Ele não é o melhor para você, é o necessário no momento para desafiar suas próprias limitações e condicionamentos. Tentaria novamente. Opção cômoda é sofrer e aceitar, resignada, a separação onde não começou a união. Insistiria uma vez, duas vezes, até cansar de projetar o passado na tela de seu quarto.
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A pergunta, na verdade, referia-se à traição do rapaz com sua amiga. Mas pelos meus olhos, o que me tocou foi esse trecho. Já passei pela mesma experiência dessa moça, aquela que não tem nome numa relação também sem definição. Na terapia, chorando eu perguntei: “Ele namorou com outras, por que não comigo?” e ouvi a resposta mais triste: “Talvez você não seja o pesinho de flor dele”. E o que a gente mais quer, quando ama, é ser a única flor na vida dessa pessoa. Ler a resposta do Carpinejar foi relembrar essa angústia de não ter identidade para aquele que mais importa. Pela primeira vez alguém entendeu isso com tamanha sensibilidade. E chorei porque sei como ninguém o que significa essa dor.

PS. Obrigada Cassia (Carambolas Azuis)

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