sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Nunca se sentiu tão próximo dela quanto naquele momento. Era possível? Coleman nunca se sentira tão próximo de uma pessoa na vida! Ele a amava. Porque é nessa hora que você ama uma pessoa - quando você a imagina decidida a suportar o pior. Não corajosa. Não heróica. Só decidida."

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Mas o frágil edifício do amor deles seria inevitavelmente destruído, já que esse edifício se assentava sobre uma única pilastra - a de sua fidelidade -, e os amores são como os impérios: desaparecendo a ideia sobre a qual foram construídos, morrem junto dela." (Milan Kundera in: A insustentável leveza do ser. Ed. Record, p. 171-172)

domingo, 16 de outubro de 2011

O efeito de uma estrada campestre não é o mesmo quando se caminha por ela ou quando a sobrevoamos de avião. De igual modo, o efeito de um texto não é o mesmo quando ele é lido ou copiado. O passageiro do avião vê apenas como a estrada abre caminho pela paisagem, como ela se desenrola de acordo com o padrão do terreno adjacente. Somente aquele que percorre a estrada a pé se dá conta dos efeitos que ela produz e de como daquela mesma paisagem, que aos olhos de quem a sobrevoa não passa de um terreno indiferenciado, afloram distâncias, belvederes, clareiras, perspectivas a cada nova curva [...]. Apenas o texto copiado produz esse poderoso efeito na alma daquele que dele se ocupa, ao passo que o mero leitor jamais descobre os novos aspectos de seu ser profundo que são abertos pelo texto como uma estrada talhada na sua floresta interior, sempre a se fechar atrás de si. Pois o leitor segue os movimentos de sua mente no vôo livre do devaneio, ao passo que o copiador os submete ao seu comando. A prática chinesa de copiar livros era assim uma incomparável garantia de cultura literária, e a arte de fazer transcrições, uma chave para os enigmas da China. WALTER BENJAMIN

Faço das palavras dele, minhas palavras

Não importa qual fosse o livro que eu estivesse lendo, adquiri o hábito de anotar por escrito sentenças isoladas ou passagens curtas que me parecessem dignas de atenção. Fazia isso tendo em vista o meu próprio uso ou para simples desfrute, como dizem os advogados, sem intenção alguma de publicar. Até que mais recentemente me ocorreu que pelo menos uma parte dessas citações — já na casa dos milhares — poderia despertar o interesse de outras pessoas. Daí este livro”. . Viscount Samuel (1947) in O livro das Citações . Não me inspiro nas citações; valho-me delas para corroborar o que digo e que não sei tão bem expressar, ou por insuficiência da língua ou por fraqueza do intelecto. Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade das citações. Se houvesse desejado que fossem avaliadas pela quantidade teria podido reunir o dobro.
Para eliminar o sofrimento, elimina-se a memória. Uma cirurgia aparentemente simples, única solução. Só que eu não consigo, tudo é vivo dentro de mim”. . Ignácio de Loyola Brandão in Não verás país nenhum .
Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantanção. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de história (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim. Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler corretamente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo “texto” se limita a simples frases interjeitivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas. Exagerei? Bem feito! Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como saberão um dia escrever? Mario Quintana in 80 Anos de Poesia