quinta-feira, 10 de junho de 2010

". Fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer — e pensando mais longe, por isso mesmo literatura é sempre fraude. Quanto mais não-dita, melhor a paixão. Melhor, claro, em certo sentido que signifícatambém o pior: as mais nobres paixões são também as mais cadelas, como aquelas que enlouqueceram Adele H., levaram Oscar Wilde para a prisão ou fizeram a divina Vera Fischer ser queimada feito Joana d’Arc por não ser uma funcionária pública exemplar. "

Um comentário:

  1. Por isso que a Martha fala que o pior de terminar uma relação é qdo precisamos desconstruir a imagem que projectamos... ou seja, qdo só se termina, tudo bem. Mas qdo ainda temos que desfazer toda a imagem que criamos da pessoa... aí... bem, aí aguenta coração, porque a porrada é mesmo grande.

    Beijo pra ti :)

    ResponderExcluir