quinta-feira, 9 de setembro de 2010


Há no jardim uma árvore, uma única árvore, imperdível.

As folhas cor-de-rosa escuro, a copa perfeita, equilibrada, uma arrogância face ao verde comum a todas as outras, uma sombra que se estende até ao banco de jardim e a hipótese, a pequena, a pequena hipótese, de existir, aqui, uma magia que não é para todos. Fico nesta contemplação enquanto as horas vão mudando.

Da janela do quarto consigo ver o vento nas folhas e, ao fundo, uma nesga de rio; consigo ouvir os pássaros. Evito olhar para o mar porque te vejo sempre nos reflexos da água, no beijo da luz do sol, um espelho hesitante de ondulações que vou adivinhando. O amor tem esse grau de incompreensão que nos aproxima do mar - do mistério que é o fundo do mar.

À noite, se as nuvens me deixam, contemplo a lua, a luz branca da lua.

Cada vez que vejo o mar, considero-o inantingível. A lua é toda uma outra reflexão.

(...)

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