Como é possível a uma mulher inteligente, criativa, original, relacionar-se com homens de gênio sem ser dominada por eles? [...]
Durante muitos anos ela teve o destino das mulheres brilhantes ligadas a homens brilhantes: era conhecida apenas como amiga de Nietzsche, Rilke, Freud, muito embora a publicação de sua correspondência com este último mostre que as relações entre os dois se processavam em igualdade de condições, e Freud lhe ouvia com respeito as opiniões. [...]
Tinha uma obra a realizar, e devia fidelidade à sua natureza expansiva, à sua paixão pela vida e ao seu trabalho. Lou despertava o talento dos outros, mas mantinha um espaço próprio. Comportava-se como todas as personalidades próprias da época, cujas ligações românticas todos admiramos, quando tais personalidades são homens. Tinha o talento da amizade e do amor, mas não se deixou consumir pelas paixões dos românticos, que os levaram a preferir a morte à perda do amor. Mesmo assim, inspirou paixões românticas. Pela atitude, pelo pensamento e pela obra, estava à frente do seu tempo.
Anaïs Nin, trechos do prefácio do livro Lou – Minha irmã, minha esposa, de H. F. Peters.
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